Produtor do Free Fire fala do futuro; explica processo do PUBG e mais
Harold Teo comenta sobre como manter o jogo Battle Royale atualizado e se tornar o jogo mais baixado por três anos consecutivos
Garena Free Fire é um nome que aparece com frequência em relatórios e infográficos sobre o mercado global de jogos para celular, mas raramente ganha manchetes na mídia de jogos — pelo menos no Ocidente. Desenvolvido e publicado pela empresa de jogos de Singapura Garena, o game não é apenas mais um concorrente no jogo de tiro mobile e/ou no espaço do Battle Royale; é realmente um dos mais bem sucedidos.
De fato, segundo App Annie, Garena Free Fire é o jogo mais baixado do mundo há três anos consecutivos. Além disso, a Garena nos diz que o jogo atingiu um recorde de 150 milhões de usuários ativos em um único dia, conforme os resultados do segundo trimestre de 2021.
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“Definitivamente superou nossas imaginações mais loucas quando começamos o jogo”, diz o produtor Harold Teo.
“Quando desenvolvemos o Free Fire, queríamos criar algo que fosse especificamente para o celular e algo que pudesse engajar um grande público. A penetração de smartphones estava aumentando, e podíamos alcançar muitos jogadores.”
Produtor do Free Fire fala sobre processo do PUBG contra a Garena
Seguindo o trabalho da Garena como editora, que começou em 2009, a empresa decidiu desenvolver internamente um título próprio. Teo diz que o desenvolvimento começou em 2014, e o resultado foi o Free Fire, lançado em agosto de 2017 — seis meses antes da versão móvel de PlayerUnknown's Battlegrounds (PUBG), embora cinco meses após a versão original para PC.
Desde nossa entrevista com Teo, a Krafton entrou com uma ação judicial contra a Garena, assim como a Apple e o Google, alegando que o Free Fire está “descaradamente infringindo” o PUBG. Entramos em contato com a Garena e um porta-voz nos disse: “As alegações de Krafton são infundadas”.
A Krafton entrou com processos semelhantes contra a Epic Games por Fortnite (que foi descartado) e NetEase por Knives Out e Rules of Survival (que foi resolvido um ano depois). Independentemente do mérito de qualquer uma dessas reclamações, o gênero Battle Royale é claramente preenchido por vários candidatos de aparência familiar. A resposta da Garena para isso adicionou mais variedade ao jogo.
Embora o Free Fire seja talvez mais conhecido por alguns como outro concorrente no espaço do Battle Royale, o jogo foi expandido ao longo dos anos com modos de jogo adicionais que a Garena espera que o diferencie da multidão.
Um exemplo popular é o Contra Squad, um modo simples de quatro contra quatro que permite partidas mais rápidas. Depois, há o mais estranho Pet Mania, onde os jogadores são transformados em animais e competem em uma série de corridas e desafios, em equipes ou por conta própria.
Teo fala sobre o futuro e como irá enfrentar a concorrência com o Free Fire
“Competição é definitivamente algo com o qual estamos muito acostumados aqui no espaço de jogos para dispositivos móveis”, diz Teo.
“Toneladas de aplicativos estão sendo lançados na App Store diariamente. Então, penso que o mais importante para a Garena, e especificamente para o Free Fire, é estar focado no que estamos fazendo, e não ser liderado pelo que outras pessoas estão fazendo. Temos objetivos específicos em mente, que são tornar o jogo o mais acessível possível, atingir um público amplo e servir nossos usuários.”
Quando pressionado sobre o que ele quer dizer com “acessível”, Teo diz que a prioridade é “servir o comportamento do usuário mobile”, encaixando-se nos pequenos espaços de tempo em que as pessoas são livres para jogar em seus telefones.
“Se nosso jogo tem 4GB, 8GB ou algo assim, então as pessoas vão pensar duas vezes antes de instalar”
“O máximo que uma partida de Free Fire dura é de 20 minutos”, diz ele.
“Alguns modos de jogo — como Contra Squad - são muito mais curtos do que isso. Você pode jogar por dez minutos, cinco minutos, mas o mais longo pode ser de 20 minutos. Se você comparar isso com alguns de nossos concorrentes, é bem curto.”
Outro exemplo do que Teo quer dizer com acessível é o tamanho do arquivo. O Free Fire original de 2017 tinha apenas 200 MB para garantir que caberia em praticamente em qualquer telefone.
“Por muitas vezes os jogadores precisam excluir alguns aplicativos do telefone e, às vezes, nem toda a capacidade do telefone pode caber nessa categoria de jogo. Ainda hoje, uma das prioridades da equipe é tornar o aplicativo o mais leve possível”, complementou o produtor do Free Fire.
Como o Free Fire irá atrair mais jogadores em 2022
Manter o jogo leve também é um dos três fatores-chave que Teo credita à capacidade contínua do Free Fire de atrair novos usuários, mantendo sua posição como o jogo mais baixado.
O segundo pilar é o conteúdo, com a produtora apontando não só a variedade de modos, mas também as colaborações da Garena com outras empresas em eventos no jogo. Mais recentemente, a editora realizou um evento Free Fire no jogo baseado na série La Casa de Papel da Netflix, que adicionou mais um novo modo de jogo. Além disso, a Garena até marcou sua primeira parceria de filme no ano passado com o evento Venom: Tempo de Carnificina de outubro, que adicionou novos itens, colecionáveis e conteúdo jogável.
A terceira é a localização. Isso vai além do idioma do jogo, estendendo-se a eventos e conteúdos especiais para diferentes regiões. Por exemplo, o medalhista de ouro olímpico Neeraj Chopra trabalhou com a Garena nas finais do Free Fire India Championships, enquanto o rapper egípcio Mohamed Ramadan (Maro) foi adicionado ao jogo como personagem.
Portanto, para Teo, esses são os três pilares que o Free Fire deve seguir em 2022:
- Manter o jogo leve;
- Conteúdo com parcerias e colaborações;
- Servidores e eventos localizados por regiões;
“Cada jogador de Free Fire em cada região tem pontos de contato e experiências extremamente diferentes”, diz Teo. “Nós não operamos com um modelo de tamanho único”.
“Grandes eventos e conteúdo, como o La Casa de Papel ou a colaboração de Cristiano Ronaldo que fizemos em dezembro de 2020, são colaborações globais que todos poderão desfrutar. Mas conteúdo localizado com celebridades locais oferecem uma experiência localizada no Free Fire. Ele atinge um pouco mais perto de casa, e esse é o tipo de impacto que queremos criar.”
Os eventos localizados sem dúvida contribuíram para a ampla disseminação de jogadores que o Free Fire conseguiu atrair. O jogo tem fãs em mais de 130 países, com Teo relatando que é o battle royale móvel mais popular na maior parte do Sudeste Asiático, Índia e América Latina.
“É uma mistura de Oriente e Ocidente”, acrescenta. “Recentemente, também ganhamos um bom espaço nos Estados Unidos.”
Sucesso do Free Fire se deve muito a experiência da Garena
Parte do sucesso do Free Fire foi conquistado a partir da experiência da Garena como editora. Antes de desenvolver o Free Fire, a empresa foi responsável por trazer títulos como League of Legends e FIFA Online para diferentes mercados. Isso deu à empresa “um tesouro de informações e insights”, como Teo descreve, sobre como envolver diferentes públicos com um jogo multiplayer em tempo real.
“Também tínhamos um tesouro de informações dos mercados em que estávamos operando”, diz ele. “Países do Sudeste Asiático, por exemplo, Vietnã, Indonésia, Tailândia e afins. Isso nos deu uma vantagem quando começamos a fazer Free Fire, e pudemos aproveitar as lições aprendidas ao operar e publicar esses jogos e, em seguida, localizar o jogo em cada mercado em que agora temos sucesso.”
Free Fire Max
O Free Fire expandiu ainda mais no ano passado com o lançamento do Free Fire Max em setembro. Esta é uma versão superior do jogo construída com os mais recentes dispositivos inteligentes em mente, e também vem com adições exclusivas, como Modo de Criação, o editor de mapas do jogo.
Embora a empresa tenha naturalmente realizado um grande barulho sobre seu novo lançamento, também teve o cuidado de enfatizar que Max e o Free Fire original são interoperáveis, e a Garena continuará dando suporte a ambos.
“Todo o conteúdo que construímos — por exemplo, as colaborações musicais que realizamos, os eventos originais que fazemos — são veiculados em ambos os nossos aplicativos, portanto, não há atividades exclusivas de um ou de outro”, explica Téo.
“Além disso, a competitividade do Free Fire, Esports, penso que estamos buscando retomar nosso Free Fire World Series no ano que vem, e esse esport também é algo que consegue tocar tanto os jogadores do Free Fire quanto do Free Fire Max. Queremos certificar de que, além de gráficos aprimorados e certos recursos do Free Fire Max, a experiência para ambos os usuários seja basicamente a mesma.”
Free Fire Max ganhou o prêmio de Melhor Escolha do Usuário de 2021 no Google Play em sete territórios — EUA, Brasil, México, Índia, Indonésia, Tailândia e Taiwan — mostrando que, enquanto o Battle Royale pode voar sob o radar no mídia, ainda é popular entre o público. Talvez a Garena consiga manter sua posição de jogo para celular mais baixado pelo quarto ano consecutivo.
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